No ano de 1981, um grupo militar,
insatisfeito com a abertura política e a redemocratização para qual o país
caminhava, planejou um atentado em um grande evento musical. Em primeiro de
maio, Dia do Trabalhador, ocorria um show com grandes nomes da música popular
brasileira no Riocentro – local onde aproximadamente vinte mil pessoas se
reuniam para comemorar o feriado. O método? A explosão de duas bombas.
A
primeira, a quase cem metros dos portões de entrada da apresentação, explodiu
na hora errada dentro de um carro parado no estacionamento. A segunda, que
deveria atingir o sistema de som e iluminação do festival, foi mal posicionada.
Ambas passaram praticamente despercebidas pela multidão. O episódio foi um
fracasso para os militares, e acelerou o processo de falência do regime militar
e da conquista da democracia.
Mesmo que na época os militares tenham negado envolvimento – dizendo que era um atentado vindo da esquerda -, já sabia-se do tipo de atitude que era tomada pelo grupo “linha dura” para impedir a abertura política. Apenas esse ano, seis dos acusados por envolvimento ao evento responderão pelos seus crimes (entre eles tentativa de homicídio doloso, associação em organização criminosa, transporte de explosivos, favorecimento pessoal e fraude processual).